Pensar educação é pensar em que filhos queremos deixar para o mundo.
- Lisiê Nolasco
- 27 de jan. de 2024
- 3 min de leitura

De quem é a responsabilidade com a Educação? Como inspirar crianças e jovens a mudar o mundo em que vivemos?
Neste segundo artigo da série especial que o Centro de Ensino Guroo publica aqui no ND, às segundas-feiras, Lisiê Nolasco de Souza, Diretora de Marketing do colégio, mostra como o exemplo é um método eficiente no processo de aprendizado.
Mais do que questionar em que mundo nossas crianças e jovens estão crescendo, precisamos inspirá-los a serem a mudança. Nesse sentido, cabe a nós, escola, família e sociedade, refletir acerca de que cidadãos estamos formando para o mundo.
A educação é cada vez mais apontada como responsabilidade da escola. Mas onde acontece o real aprendizado? Na leitura, na escuta passiva em sala de aula, nas respostas assinaladas, nas conversas, na influência da mídia ou na experimentação e observação de exemplos ao seu redor? Na verdade, o aprendizado está em tudo.
Um estudo publicado nos anos 90 criou o modelo de aprendizagem 70/20/10. Os números representam, em porcentagens, a eficiência da aprendizagem de adultos em ambiente corporativo por meio da experiência, do exemplo e da explicação respectivamente. Pelas características da infância, até a pré-adolescência, poderíamos adaptar esse modelo, com destaque para o exemplo, seguido pela experiência.
O que chama a atenção é que, independente da faixa etária, o método de ensino formal possui um baixo nível de eficiência de aprendizagem. É claro que essa não é uma verdade absoluta, mas a informação é válida ao indicar fatores importantes: métodos de ensino tradicionais não são a única nem a maior fonte de aprendizado. É por meio de exemplos que se aprende mais e melhor... E qualquer pessoa, além do próprio meio, pode ser um agente educador.
O impacto do exemplo sobre a educação mostra-nos o quanto é necessária a mudança de cultura, e essa transição só é possível com a quebra de paradigmas. Clay Shirky, escritor e especialista sobre efeitos sociais e econômicos das tecnologias da internet, diz que “a revolução não acontece quando a sociedade adota novas ferramentas - acontece quando adota novos comportamentos”.
É importante refletirmos sobre o quanto escolas, famílias e sociedade estão abertas a autoavaliar comportamentos e contribuir para o futuro da educação com mais consciência e criatividade.
Um dia eu senti nos meus pais a preocupação com relação ao meu futuro. Não sabiam se o mundo seria bom comigo e não paravam muito para pensar se eu seria boa para o mundo, fomos descobrindo isso juntos.
Percebemos que a mudança acontece em dois momentos: quando o filho se espelha nos pais e quando os pais descobrem o verdadeiro aprendizado por meio do filho. Se essa troca acontecer em casa e na escola, o processo de evolução da sociedade poderá surpreender-nos.
O mestre Paulo Freire, com sua sabedoria sobre a paciência histórica, pedagógica e afetiva, inspira-nos quando diz: “Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”.
Nós, educadores conscientes, aceitamos o desafio de refletir, questionar e experimentar, cocriar e inovar, alertas da importância de preservar importantes conceitos tradicionais. Sim, aceitamos o desafio, mas sem deslumbramentos com novidades inconsistentes e certos de que as coisas evoluem no tempo adequado. Esse posicionamento reforça o compromisso com a paciência afetiva, que enaltece a capacidade mais humana, como acolher, respeitar o outro e garantir que o amor esteja sempre envolvido em nossas relações.
Autora: Lisiê Nolasco de Souza
Colaboração e Revisão: Katiany Pinho e Esther Oliveira
Artigo publicado no Jornal ND (Florianópolis/SC - 2016)




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