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Mais que ajudar a escolher uma profissão, a educação deve nos inspirar a criar as que ainda não existem.

  • Foto do escritor: Lisiê Nolasco
    Lisiê Nolasco
  • 27 de jan. de 2024
  • 4 min de leitura
GIF com várias cenas do evento Guroo Transforma, mostrando pessoas de diferentes idades interagindo e participando.
Evento Guroo Transforma

Se escolher uma profissão sempre foi, em geral, um dilema para o jovem, imagine hoje em dia quando se questiona o próprio futuro de muitas carreiras tradicionais! É uma situação que pode ser assustadora, mas também traz mais oportunidades de se fazer o que gosta, nem que para isso seja necessário não só escolher, mas inventar uma profissão. É o que conta a diretora de Marketing Lisiê Nolasco no quarto artigo que o Guroo publica aqui no ND sobre os desafios do ensino. ”A gama de profissões que vai surgir é inimaginável, entretanto, vemos poucos jovens realmente atentos a essas possibilidades”, alerta Lisiê.


O que você quer ser quando crescer? Se você fizer essa clássica pergunta para crianças, escutará as mais diversas ideias sobre o futuro e, mesmo que citem profissões, terão inocentemente pautado suas expectativas em sonhos e devaneios criativos.

Mas se você fizer essa pergunta para um adolescente na porta do vestibular, a resposta será bem diferente. É raro encontrar um jovem seguro de sua escolha profissional aos 17 anos. Mais raro ainda é que esse jovem siga os seus sonhos de infância. O nível de concorrência de um curso no vestibular, as previsões sobre estabilidade de mercado, a média salarial, e pressão familiar acabam pesando mais na escolha do que a paixão por uma determinada área.


O que deixamos de ser quando crescemos? Poucas pessoas param para pensar sobre propósito de vida, algo que faz cada vez mais sentido atualmente e, ironicamente, é um conceito antigo defendido por filósofos como Confúcio, que afirmava: “escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia”. Se para você não fizer sentido acreditar e definir as escolhas a partir de sonhos, vocações verdadeiras, a satisfação pessoal e as intenções elevadas, como as de uma criança, proponho refletir sobre algo tão pragmático quanto os currículos acadêmicos: o futuro das próprias profissões.


Quando tive que optar por um curso de Ensino Superior, era só isso que eu estava escolhendo: um curso. Completamente confusa sobre ser boa em alguma coisa e que tipo de carreira teria, eu não sabia o que queria ser. Na época, não tive muitas informações sobre a área de Comunicação, e viria a me encontrar futuramente na Publicidade e Propaganda. Mas se tudo parecia resolvido quando na segunda fase eu me vi apaixonada pelo conteúdo do curso, aconteceu outra mudança novamente ao ter que trabalhar e perceber que tanto o mercado quanto eu mesma estávamos bem diferentes de quando eu comecei a estudar.


Eu não me encaixei, não encontrei algo que despertasse o meu potencial e não me senti fazendo diferença nenhuma. Apenas reproduzia os velhos paradigmas e me contentava que aquele seria o sucesso possível na minha carreira. Foi difícil.


É este o ponto determinante: mesmo que, na teoria, um diploma de nível superior comprove que você está apto a atuar em determinada profissão, na prática nem sempre é possível se encaixar e, em muitos casos, esse "encaixe" é forçado. Em contrapartida, é comum vermos profissionais extremamente infelizes em seus cargos, torcendo pelo final de semana, comemorando sexta-feiras, fazendo contagem regressiva para férias e até para a aposentadoria.


Somente quando você se liberta da obrigação de seguir um caminho pré-determinado e passa a criar suas próprias trilhas, é possível despertar suas habilidades mais autênticas. É aí que você começa, de fato, a construir seu futuro, sua profissão. Eu, por exemplo, nunca imaginei que um dia estaria completamente envolvida com Educação; e mais, que seria possível aplicar tudo o que aprendi sobre estratégias, mercado e posicionamento, não para vender produtos ou marcas, mas para inspirar pessoas a transformarem o ensino.

Nessa trajetória, vi que, muito além de encontrar o seu propósito de vida e identificar o legado que você quer deixar para o mundo, é preciso atentar para os fatores externos avassaladores, como a tecnologia. A rápida velocidade com que as coisas mudam atinge diretamente a forma como consumimos e nos comportamos. Se formos pensar nos últimos 10 anos, quantas inovações mudaram completamente a maneira com que fazíamos coisas, tais como precisar de hospedagem e, hoje, negociar diretamente com o dono de uma casa pela internet, sem intermediários.


Isso é apenas um exemplo, o que ressalto é que a conectividade, trazida potencialmente pela tecnologia, aproxima as pessoas e gera grande impacto no mercado de trabalho. Profissões tidas como seguras estão se adaptando para integrar esses novos modelos de negócio ou, no pior cenário, estão definitivamente desaparecendo. A gama de profissões que vai surgir é inimaginável, entretanto vemos poucos jovens inspirados com tantas possibilidades.


É importante falar ainda sobre a economia colaborativa, uma revolução silenciosa que está mudando o conceito de sucesso e conectando profissionais de diferentes áreas em torno de projetos inovadores. Isso deixa claro quais serão as habilidades necessárias para esse "mercado do futuro": autoconhecimento, colaboratividade, criatividade e o olhar atento às ferramentas tecnológicas.


Se antigamente era considerado arriscado não seguir modelos tradicionais de carreiras ou ignorar etapas já conhecidas para alcançar o sucesso, hoje felizmente sabemos que forçar um encaixe ao padrão é definitivamente o grande risco não só de fracasso profissional, mas de infelicidade, que é o maior de todos. Nesse sentido, podemos concordar com Walter Longo quando diz que a melhor maneira de se preparar para o futuro é inventá-lo.



Autora: Lisiê Nolasco de Souza

Colaboração e Revisão: Katiany Pinho e Esther Oliveira

Artigo publicado no Jornal ND (Florianópolis/SC - 2016)



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