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Fazer ensino é mais que preparar para provas, pois a vida está cheia delas.

  • Foto do escritor: Lisiê Nolasco
    Lisiê Nolasco
  • 27 de jan. de 2024
  • 3 min de leitura


Adolescentes em círculo de pé com as mãos levantadas segurando acima da cabeça um longo cordão circular que une a todos eles.
Círculos Metogologia de Aprendizagem. Fotografia: Mariela Vieira (Lagarta)

Provas, notas e médias fazem parte do método tradicional de avaliação, mas é importante ter em mente que elas não são suficientes para mostrar o que o aluno de fato aprendeu. "As provas avaliam o que foi ensinado e não necessariamente o que foi aprendido", diz a diretora de Marketing, Lisiê Nolasco, no terceiro artigo da série que o Guroo publica aqui no ND sobre os desafios da educação. Sem desmerecer a importância de tirar boas notas, Lisiê mostra que há outros critérios possíveis para se traduzir inteligência, e que ser aprovado em vestibular ou concurso não é a única forma de se obter sucesso. 


No Brasil, as escolas atuam de acordo com uma série de normativas, entre elas o currículo nacional, que indica o mínimo de conhecimento necessário para o aluno adquirir em cada etapa de seu desenvolvimento. A avaliação, por sua vez, faz parte do processo de validação do conteúdo transmitido. Certo ou errado; questões objetivas ou discursivas. A escolarização é marcada por notas. E, a isso, muitas vezes, é dado um valor maior do que o adequado, chegando ao ponto de ser esse o maior resultado cobrado de um aluno pela escola, e da escola pela sociedade.


Quando lembro da minha vida escolar, penso na dificuldade que tive em algumas disciplinas e de como era angustiante não alcançar a média. Por outro lado, minhas habilidades mais autênticas não eram avaliadas. Assim como eu, muitos alunos se frustram até despertarem para seus verdadeiros potenciais.


Segundo a teoria das múltiplas inteligências de Howard Gardner, possuímos nove tipos de habilidades cognitivas que permeiam as tradicionais áreas de conhecimento, além de fluírem também para a arte, o esporte, a criatividade e empatia. Dessa forma, nem todos os níveis intelectuais são avaliáveis por meio de provas tradicionais, é necessário que essas habilidades sejam enaltecidas e desenvolvidas em todas as outras oportunidades. Mas, para isso, é importante ter consciência de que elas existem.


Não há nada de errado em querer tirar boas notas, em se esforçar para conquistar uma vaga em um concorrido curso de uma universidade. O problema é quando esse objetivo se torna mais importante que o próprio processo de aprendizagem, causando ansiedade, frustração e outros efeitos negativos no aluno.


“Eu não fracassei. Só encontrei mil maneiras que não funcionam.” Thomas Edson.


Quando fazemos uma prova, está intrínseco que o objetivo é acertar respostas. Esse fim específico de “estar certo” bloqueia e ignora o fato de que errar faz parte e também é aprendizado. A criatividade e a habilidade de produzir opiniões próprias são deixadas de lado, uma vez que nos limitamos a reproduzir o que foi ensinado, focando na maior nota ou na melhor colocação.


O incrível de tudo isso é que, muitas vezes, pouco depois de realizar uma prova, o aluno não se recorda do conteúdo. Rubem Alves já disse, e eu concordo, que o aprendizado é aquilo que fica depois que o esquecimento faz o seu trabalho. Logo, as provas tradicionais avaliam o que foi ensinado, e não necessariamente o que foi aprendido de fato.


Essa condição torna automática a percepção do aluno de que isso é definitivamente a verdade sobre o seu potencial, que o resultado de uma prova mede sua inteligência, e ter sucesso é acertar sempre. 


“Quando o foco está só no resultado, o erro torna-se algo negativo e não parte do processo de aprendizado, como deveria ser. Provas são importantes, mas elas ainda não conseguem medir nosso verdadeiro potencial humano.” Lisiê

É preciso abrir a mente para entender que provas são válidas, mas não definem todo o seu potencial. Ser aprovado não é a única forma de obter sucesso, nem mesmo representa a garantia dele. Os jovens, as famílias e as escolas precisam estar dispostos a reconhecer cada desafio com a mesma importância. O vestibular é apenas um deles, não será o único nem o último. Aqui, no Guroo, não comemoramos somente as excelentes colocações dos nossos alunos, o mais valioso é ver o que ensinamos permanecer em cada jovem e fazer a diferença na mais importante de todas as provas: a vida.




Autora: Lisiê Nolasco de Souza

Colaboração e Revisão: Katiany Pinho e Esther Oliveira

Artigo publicado no Jornal ND (Florianópolis/SC - 2016)




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